terça-feira, 13 de setembro de 2011

Bastardos inglórios


Rionet

Foi com um misto de euforia e “insight” que eu li o artigo do Delfim Netto.
Não é possível que fiquem impunes as “juretes” (tietes do juro alto), de tanto mal que fazem para a construção de um país, de uma nação. A exemplo da verdadeira “catarse” que o filme de Tarantino faz contra a irracionalidade da 2ª Grande Guerra, algum dia será execrada essa “sabedoria” econômica “jurássica”. Ainda está muito no começo, mas começou bem, por uma voz insuspeita, competente e conhecedora do assunto (artigo: Arrogantes Injuriados, Delfim Netto, 11.9.2011).

Afinal, a taxa de juros brasileira é uma anomalia econômica, com graves impactos sociais. A construção dessa anomalia é fruto de um esforço, esmerado e diuturno, de muita gente competente: grandes grupos financeiros defendendo seus ganhos, analistas econômicos que os repercutem e por último mas não menos importante, as grandes empresas jornalísticas, cada vez mais empresariais e cada vez menos jornalísticas.

Após esta última decisão do COPOM (31.8.2011), especialmente, assistiu-se a um amplo desfile de ex-diretores do BACEN, todos apontando o dedo em riste aos atuais ocupantes da cadeira. O texto é esperado: estão defendendo seus atuais patrões. O sub-texto poderia ser “façam como nós, senão...” aí fica a ameaça velada de que “pode não existir vida (no mercado financeiro) após o mandato no Bacen...”.
São realmente eficientes, estes lobbistas, mas só para defender o lucro privado. Banco Central cidadão e prestação de contas à sociedade são elementos estranhos à sua análise; não cabem nas equações.

Essencialmente, o que eles têm é receio.

Receio de que a atual gestão do Bacen seja bem sucedida e desnude uma certa classe de especialistas, revelando o que sempre foram: serviçais dos rentistas.
Receio que o Bacen, finalmente, traga racionalidade à política monetária, com taxa de juros civilizadas.

●José Paulo Vieira

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